Muito se fala em relação a este tema, mas realmente quem sofre são os utentes e os próprios enfermeiros. Para isso deixo aqui algumas questões que gostaria de ver esclarecidas.
Qual é o critério para haver ministérios que negoceiam com grupos em greve e outros não?
Porque é que o governo dialoga com a ordem dos médicos e não quer falar com os enfermeiros?
Depois de tantas greves porque é que esta é a única que está a alertar o governo?
Não há dinheiro para pagar aos enfermeiros mas há para pagar cirurgias em hospitais privados?
Quando os enfermeiros relatam casos de utentes em corredores de hospitais, urgências sem condições, ... Porque não os ouvem nessa altura?
Têm sido feito imensas greves/ manisfestações e qual tem sido a resposta do governo? SILÊNCIO.
Os enfermeiros não podem continuar a trabalhar nas condições que estão a trabalhar. E quem são os maiores prejudicados? Para além dos próprios, os utentes obviamente!
Só gostaria que as pessoas percebessem que as greves, principalmente esta, são a última luta do trabalhador para conseguir um resultado. Existem serviços mínimos para que os direitos superiores não sejam prejudicados devido a outro direito como o direito à greve. Ninguém gosta de ter de fazer greve, acreditem que os enfermeiros preferiam estar a trabalhar. O problema é que não somos pagos devidamente. Eu quero uma profissão estruturada em três categorias, onde é dado aos enfermeiros o seu devido valor e importância no sistema nacional de saúde. Eu quero que os enfermeiros especialistas recebam o que merecem pela especialização que tiraram com todo o sacrifício, dinheiro e tempo dispensado.
Os enfermeiros não fizeram greve contra "os mais fracos", muito pelo contrário! Só estamos a pedir "aos mais fortes" condições de trabalho e a exerção de uma profissão com dignidade e justiça.
O que tenho visto é um desrespeito total por esta profissão. Uma posição de ataque por parte do governo sendo este muito inflexível no que toca a negociar com os enfermeiros. Um desconhecimento total e grave sobre o trabalho e dificuldades diárias desta classe mas, pior do que isto tudo, um alarmismo social e a capacidade de colocarem os utentes (ou futuros utentes) contra esta classe profissional.
Só peço aos dirigentes do nosso país que ouçam os enfermeiros. Que deixem os exibicionismos e a inflexibilidade e dialogem com a classe que está a fazer a greve. Optarem por esperar que a greve acabe para negociar com os enfermeiros é uma enorme falta de respeito para com todos os cidadãos de Portugal.
Mas esta é apenas a minha opinião, o que é que eu sei sobre o mundo? Sou mais uma enfermeira indignada com toda esta falta de respeito e que se recusa a permanecer no silêncio.