Considero-me uma pessoa de livros, prefiro ler as palavras do autor e ser eu a imaginar as personagens. Por esta razão, é muito raro encontrar um filme que, das duas uma, seja igualmente bom ao livro ou que faça, de alguma forma, justiça ao autor. É raro, mas encontrei.
Li o livro "A Trança de Inês" de Rosa Lobato de Faria no primeiro ano da faculdade, tinha eu 18 anos e uma ânsia, que persiste, de ler todos os livros existentes no planeta Terra. Li-o duas vezes e adorei, saltou completamente para a lista dos meus livros favoritos. Confesso que, inicialmente, o que me chamou à atenção foi a sua capa, o título e o preço. Comprei este livro num dia de chuva em que estava sem guarda-chuva e entrei numa FNAC para fazer passar o tempo. Foi aí que o vi, encondido num estante, sozinho no meio de outro livros igualmente pequeninos e não o larguei mais.
Sinopse
Baseado no mito de Pedro e Inês (mais na lenda do que na História), um romance sobre a intemporalidade da paixão, onde se abordam também alguns mistérios da existência. Um romance que, se não dá nenhuma resposta, coloca ao leitor algumas inquietantes questões.
retirado do site da wook
A sinopse é mesmo só um cheirinho. O que marca este livro e o que me fez gostar tanto dele foi mesmo a intemporalidade. O livro é narrado em três tempos (o presente, o passado e o futuro), mas a história é a mesma. O narrador é a personagem mais importante da narrativa e ao mesmo tempo a mais impotente.
Não quero revelar muito sobre o livro, porque sinto mesmo que o melhor dele é o elemento surpresa. É um livro que quebra um pouco as regras das outras "convencionais" narrativas, um livro bastante dinâmico que vai saltando de tempo em tempo.
Mas agora o filme. Depois de ficar encantada desta forma com livro, fui, com muita apreensão, ver o filme. Normalmente não costumo sequer ir ver filmes, cujo livro já li, mas, como se tratava de um filme português senti que deveria ajudar a investir nesta área.
Como já referi, fui ver o filme com algum receio, pois a expectativa estava muito alta e, habitualmente, costuma não corresponder. Este não. Desde o primeiro minuto do filme ao último, foi como relembrar o livro. Nesse dia, tinha levado o livro comigo e no intervalo tive mesmo de ir confirmar se o que eu tinha ouvido era real. O filme começa exatamente da mesma forma do que o livro. A forma como foi realizado (os meus parabéns ao António Ferreira), as imagens, o texto, os atores, ... Tudo fez sentido. O filme está bastante bem feito e leva-nos a colocar as inquietantes questões, tal e qual como o livro. Aconselho vivamente!