uma Inês por Portugal | a Aldeia Mágica de Drave

By Uma Inês Indisponível - outubro 13, 2018


Desde que comecei a viajar e a conhecer novos lugares, que parece que existe uma ânsia de viajar dentro de mim que aumenta de dia para dia. Isto aplica-se em locais fora de Portugal, mas também cá dentro. Sinto que cada vez que conheço mais deste fantástico país, mais me apaixono. O fascinante é a panóplia de possibilidades quando falamos sobre viajar cá dentro. 
Em conversa, em jeito de brincadeira com dois amigos surgiu a ideia de irmos visitar Drave, isto no seguimento de uma caminhada que fizemos anteriormente e que também irei publicar aqui no blog. 


Há 4 anos atrás fui pela primeira vez a Drave num passeio realizado pela minha faculdade. Na altura fomos num dia em que estava a chover. Não estava um dilúvio mas aquela chuva miudinha que incomoda qualquer um, principalmente aquele que tem que caminhar por percursos de pedras pequenas que, com a água  que caí, vai escorregando. Recordo-me de pouco, apenas trechos do caminho e como foi complicado devido à chuva. Lembro-me ainda que a meio do percurso abriu o sol, que nos ofereceu uma vista absolutamente fantástica. Não sei a razão pela a qual não me recordar do caminho completo mas, a verdade, é que não tivemos muito tempo para explorar a aldeia devido às condições climatéricas. 


Acho que foi por essas mesmas razões que aceitei logo a ideia e enveredei nesta louca aventura. A decisão foi tomada com muito pouco tempo para pensar e ainda bem que assim foi. Combinamos um ponto de encontro, uma hora e lá fomos nós.
Depois de alguma pesquisa, percebemos que só poderíamos ir de carro até Regoufe, pois a aldeia de Drave não é transitável. Deixamos o carro no início de Regoufe, comemos uma banana, colocamos os chapéus, as mochilas nas costas e começamos!


Percorremos as ruas estreitas de Regoufe sempre a descer até às últimas casas. Ao longo do caminho existem placas informativas que nos indicavam a direção para Drave. Até que chegamos a uma ribeira com uma ponte e soubemos que estávamos no caminho correto pois, na pesquisa prévia que tínhamos feito, lemos sobre esta ponte.


Logo de início deparamos-nos com uma subida daquelas! Uma subida íngreme cheia de pedras pequenas. Foi o nosso primeiro de muitos desafios. O percurso proposto são cerca de 9 km (4,5 km ida e 4,5 km volta), a minha maior dificuldade foi mesmo as caraterísticas do terreno. Tive constantemente de olhar para o chão para analisar muito bem onde é que tinha de colocar os pés. 

Depois daquela subida o caminho descomplica um pouco, principalmente porque começamos a ter vistas de montanhas e vales maravilhosos. É o encontro entre a terra e o céu. Estando no topo de uma montanha parece que as nuvens estão mais perto, parece que consigo tocar-lhes, é tão bom! 
Não tínhamos mapas e isso foi algo que me assustou, confesso, porque apesar de já ter ido a Drave, fui com um grupo enorme e a última coisa em que estava preocupada era aprender o percurso. Tinha medo de me perder porque não existe rede em maior parte do caminho mas isso não aconteceu graças à sinalização que foi existindo ao longo do percurso. 


Para além das marcas amarelas e vermelhas nas pedras ou árvores, também existem pistas desenhadas no próprio caminho, como esta gigante seta feita de pedras. O caminho é bastante intuitivo, diria até, que é muito improvável de alguém se perder.
Ao longo do percurso, para além da belíssima paisagem, encontramos um rebanho de cabras. É fascinante vê-las a subir os montes, pareciam ter super poderes!
Este caminho é denominado como P14, fazendo parte dos percursos do Geoparque da Arouca. Depois de muito dar à sola, conseguimos chegar a Drave, foram aproximadamente 3 horas a andar que valeram completamente o esforço.




Resolvemos explorar a aldeia mágica e, de seguida, como a barriga já reclamava, decidmos procurar, na zona ribeirinha, um local para almoçarmos. As lagoas existentes em Drave resultam da confluência da Ribeira de Palhais e da Ribeira da Bouça. Estas lagoas são autênticas "piscinas naturais", sendo que tiveram uma "ajudinha" do homem, que escavou na rocha uma espécie de poços, onde a água se vai acumulando. 
Claro que não resistimos e demos um belo de um mergulho, até porque estava um calor abrasador!


O meu maior conselho para quem quer fazer esta caminhada é levar comida, muita água e, mesmo assim, irem calculando e guardando ao longo do percurso. O caminho de volta é mais desafiante, porque para além de ser constituído por bastantes subidas; mesmo a chegar ao fim vão-se deparar com a mais íngreme. Não posso dizer que tenha sido fácil, ainda por cima éramos três pessoas a rentabilizar água. Cada um levou cerca de 1 litro de água, que foi claramente insuficiente. Não queríamos ir muito pesados e também pensávamos que esta quantidade de água bastava, mas não.
Para além da água, vão comendo ao longo do percurso. Como íamos na conversa, a tirar fotografias ou a contemplar a paisagem, esqueci-me de comer as vezes necessárias e, por isso, tivemos de parar antes de chegarmos a Drave para comermos um bocado do almoço. Devido àquele calor todo, à falta de hidratação e de nutrientes, comecei a ver os meus amigos à roda e, por isso, aquela pausa foi essêncial.

Entendo perfeitamente porque intitulam Drave como a "aldeia mágica", parece que sempre que lá vou a magia permanece e consigo descobrir lugares e coisas novas. Gostava de um dia lá voltar, sinto que ainda existem novas descobertas para fazer nesta pequena gigante aldeia. 

E vocês? Já conhecem Drave? Contem-me a vossa experiência!

todas as fotografias foram tiradas por mim
excepto aquelas em que eu apareço

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11 comentários

  1. Nada como pôr pés ao caminho e explorar estes locais! A exigência do percurso requer uma certa preparação (física e mental), mas no fim percebe-se que vale bem a pena *-*
    As fotografias estão lindas!

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    1. Muito obrigada :D
      Sim, principalmente nos dias de mais calor, é mesmo necessário ter alguma preparação!

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  2. r: Muito obrigada, minha querida *-*

    Terapêutico acho que é mesmo a melhor palavra, porque parece um momento insignificante, mas relaxa-nos por completo. Estamos concentrados naquela tarefa, a desfrutar dela e relaxamos. É maravilhoso. E, claro, depois há todo esse lado de preservação de memórias

    É a mais recente dele :) fico contente por teres gostado

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  3. Nunca tinha ouvido falar, mas fiquei muito curiosa para visitar :)

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  4. Não sabia que esta aldeia existia! Realmente o nosso país está cheio de cantos e recantos para explorar (=

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  5. r: Para ser sincera, caso não tivesse sido o passatempo, o mais provável era que a Feira me passasse despercebida. E não sei se sou eu que sou distraída, mas sinto que não teve assim tanta divulgação, o que é uma pena, porque o evento é super interessante!

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  6. Drave é uma aldeia muito querida para mim porque é a Base Nacional da IVª Secção dos Escuteiros, secção onde me encontro atualmente. Este Verão passei uma semana lá e, apesar de muito desafiante, foi das melhores semanas que já vivi.
    Não sei o que a aldeia tem de mágico, se é por ser entre as montanhas, se é pelas cabritas que se deslocam com uma facilidade ridícula, se é pelas lagoas bonitas ou pela forma como o pôr-do-sol atinge a colina. Mas que é mágica, lá isso é!
    Fico feliz que tenhas também lá ido e gostado de o fazer. Volta! Drave é uma casa aberta a todos :)

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    1. É tão bom saber isso! Não podia concordar mais, não consigo explicar, mas que é mágica é!
      Nem consigo imaginar a beleza que deve ser ver o nascer e o pôr-do-sol lá :)
      Obrigada!

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  7. Não conhecia Drave, mas depois desta publicação fiquei com uma incrível vontade de conhecer.
    As fotos estão fantásticas e dá para perceber que é uma experiência enriquecedora, parece um local mesmo mágico, tranquilo e tão bonito :)

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