Recordo o dia em que me mascarei de palhaço como um dos melhores da minha vida. Era eu uma criança e adorava o carnaval. Toda a magia associada, as brincadeiras, o poder fingir que era outra coisa qualquer no mundo. O carnaval sempre foi uma forma de conseguir viver várias pessoas, profissões, bonecos, ... Como seria viver um dia como uma sevilhana? Como seria ser durante um dia uma joaninha? No carnaval a imaginação não tem muros nem cadeados, podemos experimentar ser quem nós quisermos.
Em 2007 decidi que queria ser um palhaço. Encarnei o meu papel na perfeição, para além de toda a fantiota a condizer: nariz vermelho, peruca arco-íris, chapéu, sapatos enormes, ... tinha também todos os utensílios necessários para fazer as pessoas que me rodeavam sorrir. Foi isso que eu mais gostei nesse dia, consegui colocar um sorriso na cara das pessoas. Ou era o meu pente gigante que ficava preso na minha peruca ou a minha flor que esguichava água ...  Foi um dia fantástico, não queria que acabasse...
Mas acabou e a vida voltou ao normal. A menina de 11 anos ficou muito triste porque já não tinha os utensílios do palhaço, nem era o palhaço que conseguia fazer rir todas as pessoas. Foi aí que percebeu que o carnaval era só um pretexto, que não necessitava de nenhuma fantasia para conseguir fazer isso. Bastava olhar para as pessoas, conviver com elas, divertir-se... Foi aí que a Inês se tornou um bocadinho mais disponível, disponível para o outro, para ouvir e rir. Rir muito.