Tal como respiramos pela primeira vez, iremos respirar também
pela última. Sabemos apenas uma coisa na vida: que iremos morrer. Uns no
seu tempo, outros cedo demais, mas a maior certeza que temos neste mundo é que
irá chegar o dia em que deixamos de respirar e o coração deixa de bater.
Antagonista do medo de morrer está o sofrimento. Viver uma
vida sem qualidade não está nos meus planos. O sofrimento é algo que me
atormenta verdadeiramente. Talvez porque, praticamente todos os dias vejo e
lido com ele. Todos temos direito a ter uma opinião e esta é a minha: se não se
consegue viver com qualidade de vida, não faz sentido viver. Obviamente isto
não é preto no branco, existem muitos cinzentos entre estas palavras. Depende
muito da situação, estado clínico e, principalmente, estado de consciência da
pessoa. É absolutamente aterrador ver pessoas presas dentro de
corpos, ou mesmo pessoas que já são apenas e só corpos. Claro que é difícil de
aceitar que não há nada a oferecer a não ser conforto, mas é um passo
importante para diminuir o sofrimento. Não podemos ser egoístas, por muito que
nos custe e nos parta o coração.
Por muito que uma morte seja extremamente dolorosa, nós, os que ficamos, só podemos fazer uma coisa: recordar todos os bons momentos, as lições, os sorrisos partilhados... Principalmente, aproveitar bem a vida, passá-la com aqueles que mais gostamos. Amando quem está ao nosso lado e ajudando o próximo. Para que, quando chegar a nossa vez de partir para junto daqueles que nos deixaram, não fique nada por fazer nem dizer. Só assim partimos com a tranquilidade que tentamos contribuir para um mundo melhor.